Esquadrão de pioneiros Seres simples, bem amados Têm sonhos delicados e vontades de quem Só faz por ser pessoa Não temer vida que doa Pulso firme no machado a atalhar mais além! São fera Fé que esmera 'Pera Aberto bem o olho Se anda o velho no restolho Cabe ao novo florir Pôr mais ferro no arado Sol na vinha do enforcado Cá pular cerca de gado que se apressa a fugir E a banda pergunta à ordem defunta E a banda pergunta à ordem defunta E a banda pergunta à ordem defunta O qué que que qué qué que qué que qué Que é feito dos pioneiros? Dos novos pioneiros? Desses sempre prontos a agarrar o mundo inteiro Que é feito dos pioneiros? Dos novos pioneiros? Dos loucos abençoados que se lançam a terreiro Onde páram os soldados das horas primordiais? Trim tim tim oái Esquadrão de pioneiros Amam perigos e aventuras Não se furtam a agruras São a sua própria lei Vêem preocupados Seus irmãos abananados Espalhados sem critério pelas coutadas do rei Pé de cabra na aldraba Abre as sobras do tesouro Vira prata, empenha ouro Pelos butins do país Diz o cego "claridade" Diz o surdo "sanidade" Diz o mudo com verdade O que toda a gente diz... |
Informações: • Disponível no álbum Roque Popular (2012). Letra e Música de Jorge Cruz. Produzido por Jorge Cruz. Misturado por Tiago de Sousa. Masterizado por Andy VanDette. Curiosidades: • "Pioneiros" é a canção mais pedida para ser tocada nos concertos de Diabo na Cruz. Jorge Cruz: «A Pioneiros só foi tocada duas ou três vezes ao vivo e sempre com resultados insatisfatórios para a banda. É oficialmente a música mais pedida de sempre nos nossos concertos. De certo modo, é uma favorita de culto para uma secção importante dos nossos fãs, que chegam a indignar-se por nunca a tocarmos. Eu diria que ainda não estamos prontos para ela. Há músicas assim, que saem antes de estarmos prontos para elas.» • Numa entrevista em 2016, Jorge Cruz disse: «Os fãs mais próximos sabem que é uma raridade e vão ter que esperar [para a ouvir num concerto]. Esse público que nós sabemos que vai esperar, sabe que vai ouvir essa música um dia. Se calhar só mais daqui a dois ou três anos.» • Jorge Cruz sobre a letra de "Pioneiros": «A ideia dos pioneiros é bastante americana. Julgo que se aplica ao nosso tempo como imagem, pela tal percepção de estarmos perante desafios que exigem de nós novas maneiras que serão descobertas por gente empenhada em ocupar terrenos virgens com convicção. A imagem é do Novo Mundo, apesar do Novo Mundo ser exactamente aquele que se encontra em decadência, e aquele que nos empresta os valores que assimilamos por aculturação, mesmo na decadência. Sempre me confundiu o facto de na arte em Portugal se procurar copiar resultados vindos da cultura anglo-saxónica, como em tempos se terá feito com a cultura francesa, na pintura e na literatura por exemplo, quando me parece que o essencial a apreender de outros em termos de criação é sempre o processo e não propriamente o resultado que deverá ser aquilo que distingue um artista do outro. Daí que o fado dos resultados previsíveis e papagueados na música portuguesa em particular seja um assunto aborrecido para nós, Diabo na Cruz. É algo de que somos conscientes e do qual pretendemos andar distantes, por nossa conta e risco, para o bem ou para o mal.» Comentários: • «Fausto também assombra o refrão dessa espantosa canção que é "Pioneiros", em particular quando surgem os coros, os cavaquinhos e o triângulo em simultâneo.» Ípsilon • «Uma canção como Pioneiros, melodia orelhuda e refrão com coro de machos à Fausto, teria obtido melhores resultados se não se esforçasse tanto por aumentar os lucros da EDP.» Time Out • «A Pioneiros, essa enorme canção, alguém há-de erguer um dia um altar.» Ípsilon |
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