Macaco de Imitação

Não, não tu não sabes
Não, não tu não vês
Não, não, não verias
Nem que o duque fosse um três
Não, não tu não ias
Não, não tu não vais
Não, não, não irias
Nem que os poucos fossem mais

Queres mitrar-te no poleiro
Macaco de imitação
Ai ai ai, ai ai ai
Ai ai ai, ai ai ai
Queres fazer-te de entendido
Quando nem sequer passaste do portão

Não, não tu não colhes
Não, não tu não sais
Não, não tu não tocas
Nem nos dentes dos jograis
Não, não, não chegaste
Não, não, podes crer
Não, não, a escritura não é tão fácil de entender

Vives a assinar por baixo
Vem o Outono, a folha cai
Ai ai ai, ai ai ai,
Ai ai ai, ai ai ai
Condenado a ser filho
Quando o teu sonho maior era ser pai

A moda virá mas não virá primeiro


Informações:

 Disponível no EP Combate (2010).
Letra e Música: Jorge Cruz.
Produzido por Jorge Cruz.
Gravado, misturado e masterizado por Nelson Carvalho.
Inclui um sample de viola com arco de Manuel Pinheiro.

Curiosidades:
 Quando em 2011 lhe perguntaram que música dá mais gozo tocar nos concertos, Jorge Cruz respondeu: «A minha escolha é Eito Fora/Macaco de Imitação: é muito difícil fugir-lhes como início de concerto. Têm um tempo próprio, acolhem-nos, acalmam aquela adrenalina inicial e relembram o que estamos ali para fazer.»


 A linha "Condenado a ser filho quando o teu sonho maior era ser pai" surgiu numa noite no Miradouro do Adamastor (Lisboa), quando Jorge Cruz se cruzou com um homem "de meia idade, rosto vincado, olhar esbugalhado" e com ele trocou palavras que o afugentaram: «Senti-me distante e triste. Acabara de afastar um homem que ninguém queria por perto apenas por me sentir igual a ele, a única pessoa com quem seria capaz de ter uma verdadeira conversa naquela noite.»