Ouve os foguetes, Luzia Eu vim às Festas da Senhora da Agonia Para te encontrar Larga o estágio e os deveres Faz-te à sorte que tu queres É hoje, Luzia, que tudo vai mudar Diz ao teu pai que não percebes Este mundo a que foste condenada Conta à tua mãe que isto agora é prego a fundo Tu não podes estar parada Bora! Vambora! Vambora! Bora! Vem comigo, Luzia É o nosso tempo que nos chama Com o cerco que agora se anuncia Há-de vir um novo dia Pra escrevermos outra trama Os moços que riem nos barcos Não vieram pela santa Vão descalços Têm tanto a esquecer Tu e eu queremos algo Que há quem diga estica a conta Quem sabe, Luzia Se é a nós que a vida quer E se as correntes todos sabem estão à beira Mesmo à beira de quebrar À nossa frente já se vêem as portadas Para um mundo a começar Bora! Vambora! Vambora! Bora! Vem comigo, Luzia É o nosso tempo que nos chama Com o cerco que agora se anuncia Há-de vir um novo dia Vem escrever uma outra trama Ao alto bombos! As ruas cheias de flores Pelos becos vão gentes amansando suas dores Todos renegados, aturdidos, sem certezas É esta a nossa hora, Luzia Vianeza E se o teu pai não aceita, desconfia Do que eu tenho pra te dar Ele que saiba que eu trabalho noite e dia Pelo roque popular Bora! Vambora! Vambora! Bora! Vem comigo, Luzia Vem comigo, Luzia Vem comigo, Luzia |
Informações: • Disponível no álbum Roque Popular (2012). Letra e Música de Jorge Cruz. Produzido por Jorge Cruz. Misturado por Eduardo Vinhas. Masterizado por Andy VanDette. Curiosidades: • Luzia é uma das mais icónicas e elogiadas canções da discografia de Diabo na Cruz. O cenário da canção acontece na Romaria de Nossa Senhora da Agonia, em Viana do Castelo. Foi precisamente nessa romaria que o vídeo, com realização de Joana Faria, foi filmado. • Jorge Cruz sobre a inspiração para Luzia: «Tenho recordações das festas da Senhora da Agonia desde a infância. A minha mãe é de Viana do Castelo. Desde o início que o traje e a cultura minhota estão presentes na nossa imagem e nos nossos discos, transmitem uma cor e vitalidade demasiado importantes para serem deixados para segundo plano. Quanto à Luzia, surgiu de um conceito que tentámos criar para o segundo disco sobre percorrer o país de Norte a Sul numa espécie de diáspora interna rumo a uma vida melhor. A Luzia foi das primeiras músicas a surgir e é uma história de amor sobre partir para começar do zero noutro lugar, daí ter uma referência de partida tão específica como as festas da Sra. da Agonia.» • Jorge Cruz: «Tivemos vontade de falar do sonho português, precisamente por causa das ânsias que a juventude tem quando se está a tornar adulta e encontra um mundo tão austero e agressivo para com as suas expectativas. Houve essa vontade de fazer uma canção de amor sobre duas pessoas que desejam fugir de um meio pequeno e criar um mundo à sua imagem, que é um pouco o que nós fazemos enquanto banda. O sucesso desta canção em particular teve muito a ver com o videoclipe. O vídeo transmite uma série de tradições portuguesas filmadas exactamente como acontecem e as pessoas reconheceram isso como algo de seu. Nesse sentido, julgo que a força da canção está muito associada ao video, às Festas da Nossa Senhora da Agonia e às vestes de Viana, e ao facto de ser uma história de amor que acontece naquele sítio.» • Ao vivo, Luzia é tocada ao piano por João Gil, numa versão mais lenta e despida do que a do disco. Jorge Cruz: «Luzia foi muito bem recebida, mas nós tínhamos sempre dificuldade em pô-la nos concertos, havia qualquer coisa nos arranjos que não funcionava. Agora está com um arranjo que a transformou num dos momentos mais fortes dos concertos.» • Para o teclista João Gil, Luzia é a melhor música para tocar ao vivo: «Porque posso improvisar sempre os inícios da música, fazer o que me apetece, tocar mais rápido, tocar mais lenta, tudo o que me apetecer, posso sentir as pessoas a focarem-se nisso e isso dá-me gozo. Além disso, tenho ainda aquela pressão de estar a tocar sozinho enquanto o Jorge canta, esse nervosinho dá-me pica e faz-me estar sempre em alerta, é um desafio sempre que toco a música e faço o possível para que seja sempre diferente cada vez que a toco.» Comentários: • «Mesmo quando amaina a sua fome de bailarico, Roque Popular não perde charme: "Luzia", à conta daquelas descidas graciosas à melancolia, ou dos cavaquinhos de um balanço roliço, lembra Fausto.» Ípsilon • «Uma tendência irresistível para melodias ("Sete Preces", "Luzia") que cumprem a função para a qual foram designadas: morar no ouvido até à próxima temporada.» Blitz • «Na lírica, tocam em cancioneiros medievais e angústias pós-modernistas. Como é refrescante conseguir reunir num mesmo tema as centenárias festas da Senhora da Agonia e o desemprego jovem actual. Tudo arranjado com qualidade mas não assepticamente, e cantado com uma verve muito própria.» nascidoparaouvir |
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