Eu não penso como tu Eu não como do teu prato Mal a dança chega a meio O teu corpo fica fraco Eu não fui nunca esconder Três anzóis atrás do morro Pr’a pescar uma sereia Que pedia socorro Eu não penso como tu Não sou pinto de aviário Que opina com quatro dentes E foge ao confessionário Eu não ando para roubar Ovas cruas de lampreia Arribada à foz do Lima Onde o cardume escasseia E agora venha o vira da cidade Armado da sandália até aos dentes É que a vida, óai Tem mais vida, óai, óai Com batida, óai E olha não sei, olha não sei Olha não sei, não sei, não sei não Se é pior andar em vidro Ou só ir pr’onde outros vão Eu não penso como tu Eu não dou pra teu catraio Vá, afina essa rasteira Verás que eu nunca caio Cem exércitos quiseram Roubar a jóia do reino Já noventa soçobraram E dez seguem o treino. E agora venha o vira da cidade Armado da sandália até aos dentes É que a vida, óai Tem mais vida, óai, óai Com batida, óai E olha não sei, olha não sei Olha não sei, não sei, não sei não Se é pior andar em vidro Ou só ir pr’onde outros vão |
Informações: • Disponível no EP Combate (2010). Letra e Música: Jorge Cruz. Produzido por Jorge Cruz. Gravado, misturado e masterizado por Nelson Carvalho. Curiosidades: • "Combate Com Batida" conta com a participação vocal de Sérgio Godinho, que tem sido uma influência assumida por Jorge Cruz desde o início da sua carreira. Numa entrevista à RDP Internacional, disse até que «não haveria Diabo na Cruz sem Sérgio Godinho.» • Jorge Cruz, em entrevista à Blitz: «Eu era um daqueles miúdos chatos, com 18 ou 19 anos, que quando apanhava o Sérgio Godinho num concerto ia discutir com ele métrica e ele achava que talvez estivesse melhor sozinho (risos). Em Diabo na Cruz, há muitas músicas que têm um código genético que foi lançado pelo Sérgio Godinho, pela quantidade de vezes que ouvi o Pano-Cru, o Campolide, o Salão de Festas, e pela forma como ele cantou a melodia popular, que é muito diferente da do Zeca ou do Fausto.» • Jorge Cruz sobre uma comparação com Sérgio Godinho, em entrevista à Blitz: «O Sérgio é um burilador minucioso da palavra com uma obra extensa cheia de grandes canções. Se a nossa maluqueira e o nosso barulho tocarem minimamente nesse campeonato, isso para nós já é uma vitória.» • Sérgio Godinho sobre Diabo na Cruz: «Foi uma coisa que é renovada, embora tivesse havido algumas experimentações nessas áreas, mas que é renovada e que deu uma lufada de ar fresco. Pegando nos imaginários populares, os Diabo na Cruz souberam juntar isso a linguagens rock, pop, folk, mas sempre com esses padrões e matrizes populares. E acho que é um prazer ouvi-los. O prazer é muito importante na música, a música não é só para ser pensada, é para ser fruída também no corpo.» |
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