Baile na eira Fica o sol Arde a peneira Som da revolução Faca e queijo na mão Rebentados os cadeados à alcateia Nasce a canção de sermos a maré cheia Vai nortada vai Varre este país Troca os ventos de brandura Por algo que abane com isto tudo Nós sabemos com que linhas nos cosemos E não vamos ao fundo Sem pôr marca neste mundo É, é, é, é, é Hora de bailar nova canção Mãos na anca, bota a fustigar o chão Chão, chão, chão Chão nosso ensarilhado Durma em paz o desejado Fui a Coimbra consultar a academia Noite à bica Quem me arranja uma fatia? Com mil raios Não há nada no horizonte Que responda à minha vida Nada a sério com que eu conte Vai nortada vai Desce este país Abre a longa avenida por onde corre sangue novo Nós sabemos bem o pouco que queremos Qualquer coisa de real Até pode ser um povo É, é, é, é, é Hora de bailar nova canção Mãos na anca, bota a fustigar o chão Chão, chão, chão Chão nosso ensarilhado Vá de volta desejado É, é, é, é, é Hora de bailar nova canção Mãos na anca, bota a fustigar o chão Chão, chão, chão Chão nosso ensarilhado Aí vem o bom bocado |
Informações: • Disponível no álbum Roque Popular (2012). Letra e Música de Jorge Cruz. Produzido por Jorge Cruz. Misturado por Tiago de Sousa. Masterizado por Andy VanDette. Curiosidades: • Jorge Cruz descreveu "Baile na Eira" como um tema "mais lírico e utópico" sobre "a vontade dos portugueses, da cultura ocidental, de mudança social". • Sobre os versos "Nós sabemos bem o pouco que queremos/ qualquer coisa de real/ até pode ser um povo", Jorge Cruz disse: «A intenção central para as canções era encontrar um plano atemporal para que elas não ficassem presas às contingências da actualidade, embora em certos momentos específicos parecesse importante fazer um zoom no presente para situar os nossos motivos. A questão do povo é interessante porque descobri ao longo do processo de escrita do disco que é uma das palavras mais difíceis de usar sem ficar imediatamente sujeita a interpretações erradas. A minha intenção de qualquer modo não foi a de nomear o povo enquanto classe mas sim o povo enquanto cultura num sentido abrangente, que é a perspectiva que mais me interessa.» • Jorge Cruz sobre o uso da palavra "povo": «Eu gosto de pôr a palavra povo às vezes nas músicas, mas não estou com aquilo a falar do povo socialista, de maoístas, não estou a falar de nada disso. É povo, povo, pessoas. Mas lá está. Povo, revolução, Portugal, pátria. Posso falar em pátria numa canção? Deixam-me falar em pátria numa canção? Deixar, deixam, mas depois interpretam-me rapidamente sem ouvirem o que eu estou realmente a dizer.» Comentários: • «Roque Popular, começando na garra destilada em "Bomba-Canção" ou "Baile na Eira" (as duas primeiras do disco e excelentes cartões-de-visita: tic-tac incendiário como um cocktail molotov e pogo dance para malhar no terreiro sem dó nem piedade).» Bodyspace |
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